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Datas-Chave
1274 – Primeiro documento que faz referência ao Cercal.
1486 –inclusão da freguesia no concelho de Milfontes.
1836 – Elevação a sede de concelho.
1942 – Concessão da categoria de vila.
1855 - Extinção do Concelho do Cercal e integração no concelho de Odemira.
1991 – Elevação à categoria de vila.
O topónimo Cercal parece derivar da palavra “quercu”, que significa “carvalho”, facto justificável pela abundância desta árvore, em épocas anteriores, nesta região.
A permanência humana no actual território da freguesia do Cercal é antiga, e dela são testemunho objectos e vestígios de povos pré-históricos e do período romano e muçulmano.
É datado de 1274 o primeiro documento que faz referência ao Cercal.
Após o fim do domínio árabe, por volta de 1235, o sul do Alentejo, assim como toda a faixa atlântica entre Tejo e Mira, tornam-se pertença da Ordem de Santiago de Espada, instituição religiosa e militar que desempenhara importante papel na reconquista destes territórios.
No final do séc. XV, o Cercal integrava o concelho de Sines, e era ainda comenda da Ordem de Santiago. Aqui viviam cerca de 20 lavradores, que ocupavam e cultivavam extensas porções de terra.
Após a fundação de uma “vila nova” no sítio de Milfontes, em 1486, o Cercal é incluído nesse novo concelho e, embora seja económica e demograficamente mais importante do que a própria sede concelhia, fica numa posição subalterna.
Nos séculos seguintes, a evolução do Cercal continuará a ser superior à da sede de concelho, sobretudo porque possui:
Curiosidades Urbanas
No séc. XVIII, há referências à existência de “uma aldeia velha” e uma “aldeia nova”; julga-se, por isso, que haveria dois núcleos populacionais distintos:
A “aldeia velha” situava-se junto à igreja.
Teve fraca expansão nos sécs. XV a XVIII, e a seu nascente surgiu a “aldeia nova”.
Só a partir da segunda metade do séc. XVIII a “aldeia velha” cresce de modo significativo, passando na realidade a ter um aspecto mais novo do que a própria “aldeia nova”.
A “aldeia nova” é hoje a zona a que se acede pela chamada Rua Velha (Rua Sebastião Sobral Figueira), que em tempos também foi chamada “Rua da Aldeia Velha”.
Na “aldeia nova” viveria a maior parte da população da aldeia.
No séc. XIX, as alterações na divisão administrativa do território nacional e uma vontade reformista tiveram os seus efeitos no concelho de Milfontes, cuja elite era maioritariamente cercalense.
O Cercal tornou-se o centro das decisões administrativas e judiciais, uma vez que a maioria dos notáveis do concelho já aqui residia e aqui exercia as suas funções.
Em 1834, a câmara, constituída maioritariamente por moradores do Cercal, aprovou e enviou à câmara dos deputados uma representação que solicitava para o Cercal a condição de cabeça de concelho, para que se pudessem efectuar actos de vereação e audiências nesta aldeia.
Os argumentos a favor da condição de cabeça de concelho eram pertinentes:
1836 – Elevação do Cercal a sede de concelho
A Lei de 6 de Novembro de 1836 eleva Cercal a cabeça de concelho.
O concelho de Vila Nova de Milfontes ou Cercal (como se designou frequentemente) arrebatou também a freguesia de S.Luís, embora por poucos meses, já que os seus habitantes se insurgiram e obtiveram a anulação da transferência, voltando a pertencer ao concelho de Odemira.
Apesar de sede concelhia, o Cercal continuava a ser uma simples aldeia, tendo as restantes freguesias (Milfontes e Colos) título de vila.
1942 – Concessão da categoria de vila
Em 9 de Fevereiro de 1842 a câmara recebe despacho favorável para o pedido de concessão da categoria de vila, mas nunca chega a sê-lo, realmente, por falta de dinheiro para pagar o alvará, embora tivesse passado a usar o título de vila, nos actos escritos.
O alvará custava 100 mil réis (para pagamento dos “direitos de encarte de Vila Nova do Cercal”) mas o município debatia-se com dificuldades económicas e nunca conseguiu reunir esta quantia.
Quando passa a sede de concelho, o Cercal depara-se com a falta de uma casa da câmara.
Em 1852 decide-se a construção de um edifício municipal novo, com a respectiva cadeia, no Largo de S. Pedro (hoje Largo Augusto Fuschini – o “Largo da Praça”).
Apesar das dificuldades económicas, as obras iam em fase avançada, quando o concelho é extinto, em 1855.
O “Largo da Praça, onde existia uma ermida dedicada a S.Pedro, já antes desempenhava o papel de “praça”: ali se situavam as instalações da câmara e ali se terá realizado, inicialmente, a Feira de S.Pedro, criada em 1736.
Quando o concelho é suprimido, em 1855 , as dificuldades económicas persistiam e as pretensões de Odemira, que pretendia anexá-lo ao seu território, eram cada vez mais fortes.
1855 - Extinção do Concelho
O concelho será extinto, por decreto de 26 de Outubro de 1855, sem que o pagamento do alvará de elevação a vila tivesse sido efectuado, pelo que o Cercal nunca chegou a ser vila, e o título usado foi depressa esquecido.
É o Governo Civil de Beja quem propõe a extinção do concelho, por não ter pessoal suficiente para os cargos municipais, administrativos e judiciais.
O julgado do Cercal passa a integrar a comarca de Odemira, e todas as freguesias do concelho são absorvidas por Odemira, a grande ganhadora desta decisão, debilmente contestada pelos cercalenses.
Em 1873 o julgado do Cercal passa para a comarca de Santiago. Com esta oportunidade, os eleitores do Cercal solicitam, através de um abaixo-assinado datado de 1875, a passagem da freguesia para Santiago.
Na segunda metade do séc. XIX e primeira do séc. XX o Cercal mantém assinalável plano económico, inclusive com influência funcional na área das suas antigas freguesias (de que é exemplo a feira de S. Pedro), mas nunca conseguiu recuperar o seu estatuto de concelho, soçobrando entre os dois “gigantes” (Odemira e Santiago).
Publicado por: Freguesia de Cercal do Alentejo